Porque Portugal tem sido Lisboa

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O passado imediato e o futuro que se nos impõe

Os incríveis factos dos últimos dias de 2008 e deste primeiro mês de 2009 vêm admiravelmente descritos num artigo de opinião do actual economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Olivier Blanchard, publicado em The Economist - (Nearly) nothing to fear but fear itself. O gráfico do índice de volatilidade VIX mostra (quase) tudo o sucedido neste tsunami financeiro com extraordinárias consequências económicas, semelhantes às de uma economia de guerra mundial - permanecendo felizmente (pelo menos para já) a economia industrial e globalizada.

Visto da paisagem, de aqui do Porto, Portugal, apetece acrescentar a estes conturbados factos do final dos anos zero do século XXI, um texto de um livro dos mesmos anos do século XX, editado por F.Lopes, sob o título Guia do Forasteiro no Porto e na Província do Minho, assinado por Gualdino de Campos, que dizia assim:

"Quem desembarcar na estação de Campanhã, na gare da principal linha férrea que serve o Porto, não depara certamente com o flagrante espectáculo de luta pela vida ... e pela mala, como o viajante que se apeia à entrada de Nova York; mas, por mais matinal que seja a hora da sua chegada, verificará que penetra num centro laborioso, activo, entregue às ocupações que lhe asseguram a existência, numa labuta não só de sol a sol, mas mais ampla ainda, o que constitui o mais nobre brasão dos seus moradores.

Participando nas qualidades das diversas raças que, nas suas migrações, se confundiram e espalharam pela Península Ibérica, o minhoto, o portuense, que vale o mesmo, além de ser extraordinariamente activo, é, positivamente, o que se chama um bom homem, como já disse alguém; e dotado de génio amoroso e do espírito de aventura do tipo céltico que nele predomina, propenso a emigrar, em procura do trabalho e da fortuna, quando, comprimido por circunstancias adversas, não póde encontrar na sua terra a satisfação dos desejos a que a sua fantasia ou ambição o propelem. Operosa e madrugadora, como poucas, é a população do Porto e do Minho, em todos os seus mesteres, honrosa característica de que justamente se ufana".